A Horta Fitoterápica Comunitária do 18 do Forte: Um Projeto de Cura e Comunidade
Gostaríamos de expressar nosso profundo agradecimento a todos os parceiros e colaboradores da Associação 18 do Forte, cuja dedicação e empenho foram essenciais para a realização deste projeto tão especial. A construção da Horta Fitoterápica Comunitária não seria possível sem o apoio de cada um de vocês. Esta iniciativa é fruto de um esforço coletivo, que não apenas valoriza o cultivo de plantas medicinais, mas também promove a saúde, o bem-estar e o fortalecimento dos laços comunitários.
O evento de inauguração foi um marco importante para nossa comunidade, reunindo pessoas de diversas áreas com o objetivo comum de construir um espaço que proporcionará benefícios a todos. O envolvimento de cada parceiro na elaboração do evento e na construção da horta foi vital para que este sonho se tornasse realidade.
Com a horta, esperamos difundir o conhecimento sobre o uso de plantas fitoterápicas e proporcionar um local de convivência, aprendizado e saúde. Que esta horta seja o início de muitas outras iniciativas voltadas para o bem comum!
Características técnicas das plantas:
Portulaca oleracea L. (Ora-pro-nobis)
(Beldroega, Salada-de-negro, Caaponga, Ora-pro-nobis, Porcelana, Bredo-de-porco, Verdolaga, Beldroega-pequena, Beldroega-vermelha, Beldroega-da-horta, Onze-horas)
Sin.: Portulaca marginata Kunth, Portulaca oleracea subsp. sylvestris (DC.) Thell., Portulaca oleracea var. opposita Poelln., Portulaca retusa Engelm.
Características gerais – Herbácea prostrada, anual, suculenta, ramificada, completamente glabra, com ramos de cor rosada de 20-40 cm de comprimento, originária provavelmente do norte da África e naturalizada em todo o território brasileiro. Folhas simples, alternas, carnosas, de 1-2 cm de comprimento. Flores solitárias, axilares, de cor amarela, que abrem-se apenas na parte da manhã. Os frutos são cápsulas deiscentes, com sementes pretas e brilhantes. Existem formas cultivadas para fins ornamentais desta espécie, com flores muito maiores e de várias cores. Ocorre na região norte do país a espécie Portulaca pilosa, possivelmente com propriedades similares. Multiplica-se apenas por sementes.
Usos – A planta cresce espontaneamente em solos agrícolas ricos em matéria orgânica, sendo considerada planta daninha. Algumas variedades melhoradas são cultivadas como ornamentais. A parte aérea é consumida em algumas regiões do país na forma de saladas e de refogados. Todas as partes desta planta vêm sendo usadas na medicina tradicional há séculos em todo o mundo, sendo de 500 anos A.C. o seu primeiro registro na literatura na China. É considerada sudorífica, emoliente, anti-inflamatória, diurética, vermífuga, antipirética e antibacteriana, sendo empregada no tratamento de disenteria (principalmente infantil), enterite aguda, mastite e hemorroidas. As folhas são indicadas também contra cistite, hemoptise, cólicas renais, queimaduras e úlceras. As sementes são consideradas: emenagogas, diuréticas e anti-helmínticas. Indígenas das Guianas usam-na contra diabetes, para problemas digestivos e como emoliente e, externamente, como ungüento para problemas musculares. A infusão de suas folhas e ramos é tônica e depurativa do sangue, enquanto que em uso externo aplicadas sobre feridas favorecem a cicatrização. Estudos clínicos têm mostrado que esta planta é uma rica fonte de ácido graxo ômega-3, substância importante na prevenção de infartos e no fortalecimento do sistema imunológico. Em outros estudos clínicos concluiu-se que, além do efeito hipertensivo de seu extrato aquoso, devido à presença de catecolaminas, verificou-se também uma atividade relaxante da musculatura esquelética. Estudos fitoquímicos desta planta revelaram ser muito rica em ácido oxálico.
Fonte: H. Lorenzi, 3.481 (HPL).
Rosmarinus officinalis L. (Alecrim)
(Alecrim, Alecrim-comum)
Sin.: Rosmarinus latifolius Miller., Rosmarinus angustifolius Miller., Rosmarinus chilensis Molina.
Características gerais – Pequena planta de porte subarbustivo lenhoso, ereto, pouco ramificado, de até 1,5 m de altura. Folhas lineares, coriáceas e muito aromáticas, medindo 1,5 a 4 cm de comprimento por 1 a 3 mm de espessura. Flores azul-claras, pequenas e de aroma forte muito agradável. É nativa da região Mediterrânea e cultivada em quase todos os países de clima temperado, de Portugal à Austrália. Seu cultivo pode ser feito a partir de mudas preparadas por estaquia ou mergulhia, crescendo bem em solo rico em calcário e em ambientes úmidos de clima ameno.
Usos – Suas folhas, flores e frutos secos e triturados formam uma excelente mistura para uso como tempero de carnes e massas. Seu uso medicinal é referido na literatura etnofarmacológica, que cita o emprego de suas folhas na medicina tradicional de vários países na forma de chá do tipo abafado (infusão), usado como medicação para os casos de má digestão, gases no aparelho digestivo, dor de cabeça, dismenorréia, fraqueza e memória fraca. O estudo das informações sobre esta planta permitiu selecionar como componentes voláteis que são responsáveis pelo seu odor típico: cineol, alfa-pineno e cânfora. A análise fitoquímica registrou para suas folhas a presença de óleo essencial constituído de uma mistura de triterpenoides, diterpenos amargos, flavonoides e ácido cafeico, aos quais se atribuem as propriedades colerética, espasmolítica, protetora hepática e antitumoral. Ensaios farmacológicos comprovaram propriedades cicatrizantes, antimicrobianas e de alívio para reumatismo. Estudos fitoquímicos desta planta revelaram ser muito rica em catecolaminas.
Fonte: H. Lorenzi, 1.707 (HPL).
Lippia alba (Mill.) N.E. Br. (Erva-cidreira)
(Erva-cidreira, Chá-de-tabuleiro, Falsa-melissa, Salva-do-Brasil)
Sin.: Lantana alba Mill., Lantana geminata (Kunth) Spreng., Lippia geminata Kunth, Lippia geminata var. microphylla Griseb., Lippia globiflora var. geminata (Kunth) Kuntze.
Características gerais – Subarbusto de morfologia variável, alcançando até um metro e meio de altura, raramente dois metros, nativa de quase todo o território brasileiro. Seus ramos são finos, esbranquiçados, arqueados, longos e quebradiços. As folhas são inteiras, opostas, de bordos serreados e ápice agudo, de 3-6 cm de comprimento. Flores azul-arroxeadas, reunidas em inflorescências axilares capituliformes de eixo curto e tamanho variável. Os frutos são drupas globosas de cor róseo-arroxeada.
Usos – A literatura etnofarmacológica registra o uso do chá de cidreira em todo o Brasil, tanto por seu sabor agradável como pela ação calmante atribuída pela medicina tradicional brasileira. Estudos químicos do óleo essencial identificaram diferentes quimiotipos, ricos em citral, mirceno, limoneno e carvona. O chá das folhas de certos quimiotipos tem ação calmante, espasmolítica, sedativa, ansiolítica e mucolítica, sendo utilizado para tratar crises de cólicas uterinas e intestinais, problemas respiratórios, ansiedade e insônia.
Fonte: H. Lorenzi, 1.713 (HPL).
Erythrina mulungu Mart. ex Benth. (Mulungu)
(Mulungu, Árvore-de-Coral)
Sin.: Corallodendron mulungu (Mart. ex Benth.) Kuntze, Erythrina christinae Mart.
Características gerais – Árvore de copa arredondada, um tanto espinhenta, decídua, de 10 a 14 m de altura, com o tronco revestido por grossa casca corticosa e fissurada, com 40 a 50 cm de diâmetro. Folhas compostas trifolioladas, com folíolos coriáceos medindo de 7 a 10 cm de comprimento. Flores reunidas em amplas panículas terminais, que surgem quando a árvore já está quase completamente sem folhas. Frutos pequenos do tipo vagem, deiscentes, de 6 a 12 cm de comprimento, com 1 até 6 sementes de cor parda. É nativa da parte central do Brasil, desde São Paulo e Mato Grosso do Sul até Tocantins e Bahia.
Usos – A casca do mulungu tem sido usada na medicina tradicional brasileira há muito tempo como sedativo, sendo empregada no tratamento de ansiedade, insônia, bronquite, hepatite, febres intermitentes e problemas hepáticos. Nos Estados Unidos, é usada por herbalistas para acalmar crises de histeria e eliminar palpitações do coração.
Fonte: H. Lorenzi, 3.467 (HPL).
Cymbopogon citratus (DC) Stapf. (Capim-cidreira)
(Capim-limão, Capim-cidreira)
Sin.: Andropogon schoenanthus L., Andropogon citratus DC. ex Nees, Andropogon citratus DC., Andropogon criferus Hack., Andropogon citriodorum hort. ex Desf., Andropogon nardus subvar. citratus.
Características gerais – Erva cespitosa quase acaule, com folhas longas, estreitas e aromáticas, quando recentemente amassadas têm forte cheiro de limão. É originária do Velho Mundo e cultivada em quase todos os países tropicais, inclusive no Brasil, tanto para fins industriais como em hortas caseiras para uso em medicina tradicional. Para novo plantio, os perfilhos devem ser retirados uma vez por ano e replantados, permitindo até 4 cortes por ano.
Usos – O chá de capim-limão é amplamente difundido em todo o Brasil. Ele possui propriedades calmantes, espasmolíticas e antimicrobianas, sendo utilizado para alívio de cólicas, nervosismo e pequenas crises de ansiedade. Suas folhas frescas, quando preparadas em chá ou refresco, são muito agradáveis ao paladar e de fácil consumo.
Fonte: H. Lorenzi, 3.462 (HPL).